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quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A ágora virtual

A web 2.0 é um claro exemplo do direito previso no inciso IV do art. 5 da nossa Carta Magna:


"é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato"

Atentando-nos à primeira parte do inciso, que trata da "livre manifestação do pensamento", podemos aludir o espaço virtual como a antiga ágora grega, praça onde se encontravam as pessoas para discutirem filosofia e política, berço da democracia.
Quase todos os nossos alunos hoje são produtores de conteúdos na rede, seja por meio de blogs, redes sociais, ou qualquer outra plataforma virtual. A necessidade de mostrar a sua identidade e de se relacionar com pessoas de mesmas posições é algo inegável, tornando o ciberespaço em uma ágora virtual.
A partir da observação dessa mudança de cultura, cabe ao professor trazer essa realidade para dentro de sua sala de aula, pois a educação digital por si só, assim como o processo de ensino-aprendizagem, não existe sem uma intenção e intervenção pedagógica por parte do educador.



  • Youtube pode ser palco para uma aula de revisão;
  • Um grupo no Facebook pode ser um ambiente para troca de ideias, de conhecimento e compartilhamento de relatórios e folhas de aula;
  • Uma conta no Twitter pode disseminar dicas e macetes para a fixação do conteúdo trabalhado em sala;
  • Skype (assim como Youtube e Facebook) pode ser usado para intercâmbio cultural com alunos do mundo inteiro.


Assim como o fuzil na mão de um Soldado pode manter a paz e esse mesmo fuzil na mão de um bandido, a guerra, a web 2.0 será benéfica ao desenvolvimento escolar de nossos alunos se soubermos como utilizá-la a nosso favor, ou tecnicamente falando, se tivermos intenções pedagógicas para elas. Mas é muito mais cômodo eu proibir o uso de celulares e outros dispositivos tecnológicos que dê ao meu aluno acesso à web 2.0, onde esse é disseminador, consumidor e autor de conhecimento, a ter de me adaptar a essa realidade. Afinal, sala de aula é composta por um professor conhecedor de todos os mistérios que há entre os céus e a terra, 30 “sem luz” enfileirados,  militarmente disciplinados e com suas cabeças conectadas a funis por onde passará todo o conteúdo dos antigos e amarelados livros que vomitarei sobre eles, além, é claro, do quadro negro e do pó de giz.



terça-feira, 16 de setembro de 2014

Os dois lados do mesmo Bitcoin

A cultura digital está presente cada vez mais cedo na vida de nossos jovens e  crianças. Não podemos fugir disso. Foi inaugurada em abril a primeira escola de  programação infantil do Brasil, na zona sul de São Paulo e tablets têm sido  usados com crianças pré-operatórias para o desenvolvimento da habilidade motora  fina.
Enquanto temos, de um lado, o conceito pedagógico do uso das tecnologias para o  desenvolvimento, do outro, essa mesma tecnologia tem sido autora de inúmeros  casos de afastamento do convívio social. Assusto-me ao ver crianças na hora do  intervalo sentadas juntas conversando por programas de comunicação quando  poderiam interagir "ao vivo" e geralmente não há limites do uso dessa  tecnologia para ser incentivada a interação social. "Por que levar as crianças  ao parquinho, deixar que se sujem e gastem energia correndo e brincando, quando  posso levá-las ao laboratório de informática e promover essa interação - sem  sujeira e gritos - através de jogos educativos?".
Os dois lados existem e cabe ao professor mediar a situação. A tecnologia no  ambiente escolar pode e deve ser utilizada quando possível, mas não se pode  substituir a infância ou a adolescência por um avatar do Second Life.
A problemática aqui deve ser refletir sobre como orientar o uso dessa  tecnologia, pois o grande paradoxo da modernidade é um mundo globalizado a  partir do individual.
Parafraseando Rubem Alves, a rede pode ser asas ou gaiola. Enquanto ambiente  escolar, cabe ao professor, se quiser que seja asa, encorajar o voo. Pois a  gaiola definha as asas de um pássaro, assim como o uso desnorteado da rede  definha a capacidade de interação social.