Palco das principais mudanças ocorridas no mundo, a Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra do século XVIII, deu um novo papel à mulher que até então vivia para criar os filhos e zelar pelo lar.
O trabalho que antes manual, feito por camponeses e artesãos, começa agora a ser feito e produzido em larga escala pelas industrias com suas máquinas, . A demanda por mão de obra cresce obrigando as mulheres, que antes tinham somente a função de cuidar da casa e educar os filhos, a abandonarem tais funções e irem para o interior dessas fábricas.
Frente a esse fato tem início a necessidade de criação de locais habilitados aos filhos das operárias enquanto suas essas trabalhavam. Nasce também um novo olhar sobre a criança e seu desenvolvimento
Os jardins de infância, idealizados por Froebel em 1840, consistiam em casas amplas, com móveis e estruturas voltadas ao tamanho da criança, onde não eram mais vistas como pequenos adultos, pensamento da idade média, mas sim como um ser humano em desenvolvimento, em resposta à escola prussiana, criada, criada em 1819.
O ideal de Froebel agradou não só a Alemanha, mas ganhou países como Inglaterra e França, vindo a desembarcar no Brasil de Dom Pedro II em 1875, trazido por Joaquim José Vieira Menezes.
Vieira Menezes abriu, segundo a história, o primeiro jardim de infância do Brasil na cidade do Rio de Janeiro, capital brasileira à época.
Sua Majestade, como dizia os jornais, ficara encantado com a estrutura e visão pedagógica revolucionária que a escola de Vieira Menezes estava causando. O que fez com que visitasse por várias vezes a instituição.
O Brasil viveu um momento importante da sua história após 1889, pois estava constituindo-se como república, saindo de uma escravidão - não só de negros - de mais de 300 anos e, embora os jardins de infância fossem voltados às crianças de famílias ricas durante o Império, teve enorme impacto positivo na educação do Império e da visão pedagógica da infância; o que culminou na criação do primeiro jardim de infância público do país em 1896, na cidade de São Paulo, no bairro da Consolação, anexo à escola Caetano de Campos.
Não diferente do que aconteceu na Europa do século XVIII, o Brasil viveu a mecanização de processos manuais na década de 20 que levou as brasileiras às fábricas, repetindo todo o processo das operárias do outro continente. Nasce nessa época as babás, mulheres que tinham apenas a função de alimentar os filhos das operárias durante o expediente. O índice de mortalidade infantil cresce assustadoramente em decorrência da falta de higiene a que essas crianças eram submetidas enquanto sob guarda dessas babás.
Como resposta a esse fato é regulamentada, em 1923, a criação das salas de amamentação dentro das fábricas do país.
Na década seguinte, em 1932, a educação no Brasil, desde o Período Joanino, embora tenha tido abandonado a filosofia da criança como pequeno adulto e substituida pela da criança como sujeito em desenvolvimento, ainda tinha a sua educação elitista, priorizando as crianças de famílias ricas. O que move um grupo de educadores a protestar por uma “escola única, igual para todos, pública, gratuita e laica”, no movimento que ficou conhecido como Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova.
Em 1934, quando a segunda Carta Magna da República era escrita, teve, por reflexo da expressão que tiveram esses educadores, um capítulo voltado unicamente à educação, trazendo a responsabilidade da normatização da educação no país à União (conforme o art 5 inciso XIV da CF/34) o que não era visto nas constituições de 1824 e de 1891. O capítulo II dessa constituição é tido como a primeira lei de diretrizes e bases de educação no Brasil.
Piaget quando dissertou sobre o desenvolvimento infantil elucidou a importância que tem a observação dos anos iniciais, pois seus cérebro nessa fase estrutura suas redes neurais para que a fase seguinte - escolar - tenha eficácia. Porém no Brasil, mesmo depois de 18 anos da promulgação da LDB, ainda não temos a educação infantil, onde esse desenvolvimento da primeira infância é estimulado, como obrigatória.
O crescente índice de natalidade nos grandes centros urbanos tem superado o número de vagas ofertadas em creches o que causa o distanciamento dessa mãe do mercado de trabalho, a desaceleração do crescimento econômico do país e de um desenvolvimento psicogenético debilitado dessa criança, uma vez que está fora do ambiente preparado para isso.
Se entendêssemos a importância do jardim de infância para o desenvolvimento da criança e dos reflexos benéficos que essa traria à sua vida adulta e à sociedade, a militância para que houvesse expansão dos locais apropriados a ela e a necessidade de sua obrigatoriedade, assim como ocorre com a educação básica, seria uma verdade. Porém uma sociedade industrial como o Brasil, que confere o diploma de conclusão do ensino médio até ao aluno que mal sabe ler uma quadra popular e prioriza o ingresso desse analfabeto funcional ao ensino técnico do PRONATEC jamais entenderá a importância do pensamento crítico, uma vez que não há tempo para nisso refletir enquanto se aperta um parafuso na linha de montagem, pois embora tenhamos vinculado a educação escolar ao trabalho, como preconiza o parágrafo 2° do art 1° da LDB, a segunda parte do mesmo parágrafo, que disserta sobre a educação escolar ser também vinculada à prática social, na prática é abolida.
Bibliografia
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